Do
site Maranhão da Gente
O economista Adriano Sarney, neto do senador José Sarney, foi
citado em matéria da Revista Época desta semana. Na reportagem, Adriano é
acusado de fazer parte de um esquema organizado por emissários do PMDB, que
cobravam propinas para conseguir que determinadas empresas ganhassem licitações
na Petrobras.
Segundo a Revista Época, Adriano
Sarney, o lobista Felipe Diniz e o advogado Bruno Queiroga, intermediavam
negócios junto ao governo federal. Suas ações eram tão escancaradas que os três
seriam conhecidos na capital federal como “os maluquinhos”.
Fui ouvir o que Adriano Sarney
tinha a dizer sobre o episódio. Imaginei que se fosse o caso de uma falsa
acusação, o neto do senador Sarney estaria tomado pela natural indignação dos
inocentes.
Mas, numa curta resposta sobre o
episódio, Adriano se limitou a dizer que a matéria é baseada em fofocas e que
ele não fora sequer ouvido pela revista.
Nem mesmo em sua página pessoal
no Twitter, Adriano se dignou a desmentir convincentemente as graves acusações
feitas pela revista de circulação nacional. Limitou-se a dizer apenas que os
jornalistas do periódico são mal-intencionados.
Reação semelhante ocorreu em
2009. Adriano Sarney foi acusado pela mídia nacional de intermediar empréstimos
consignados entre seis instituições financeiras e os servidores do Senado
Federal, justamente na época em que o avô presidia a casa. Na época, Adriano
também não se deu ao trabalho de dar maiores esclarecimentos sobre o escândalo
que quase custou o mandato do senador José Sarney.
Ano passado, o Jornal Folha de
São Paulo denunciou que Adriano estava em situação irregular quando pretendia
concorrer à prefeitura de Paço do Lumiar. Havia indícios de que o economista
fraudara uma conta de luz da Cemar para comprovar que possuía domicílio na
cidade.
Outra vez, sem maiores
explicações, Adriano retirou a candidatura e sumiu na nuvem de poeira do
esquecimento.
Após quase 60 anos da primeira
eleição disputada por José Sarney no Maranhão, é natural e justo que Adriano
queira ser herdeiro político do grupo. Com a segunda geração da família
envelhecida e desgastada, ele tem todo o direito de pleitear cargos públicos
para tentar manter o poderio do grupo familiar ao qual pertence.
Todo o problema de Adriano
Sarney reside no fato de que o neto do Senador Sarney quer construir a imagem
da renovação na política, vendendo a ideia do jovem empreendedor de ideias
inovadoras, formação intelectual e reputação ilibada.
Não dá.
Com o histórico recheado de
denúncias envolvendo lobby, propina e fraude, a única herança que Adriano
Sarney receberá será a continuidade histórica de escândalos intermináveis que
envolvem a mais longeva oligarquia do Brasil contemporâneo.
Lígia Teixeira
Historiadora escreve para o Jornal Pequeno às sextas-feiras.
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