27 de agosto de 2013

O que Adriano Sarney herdará ?



O economista Adriano Sarney, neto do senador José Sarney, foi citado em matéria da Revista Época desta semana. Na reportagem, Adriano é acusado de fazer parte de um esquema organizado por emissários do PMDB, que cobravam propinas para conseguir que determinadas empresas ganhassem licitações na Petrobras.

Segundo a Revista Época, Adriano Sarney, o lobista Felipe Diniz e o advogado Bruno Queiroga, intermediavam negócios junto ao governo federal. Suas ações eram tão escancaradas que os três seriam conhecidos na capital federal como “os maluquinhos”.

Fui ouvir o que Adriano Sarney tinha a dizer sobre o episódio. Imaginei que se fosse o caso de uma falsa acusação, o neto do senador Sarney estaria tomado pela natural indignação dos inocentes.

Mas, numa curta resposta sobre o episódio, Adriano se limitou a dizer que a matéria é baseada em fofocas e que ele não fora sequer ouvido pela revista.

Nem mesmo em sua página pessoal no Twitter, Adriano se dignou a desmentir convincentemente as graves acusações feitas pela revista de circulação nacional. Limitou-se a dizer apenas que os jornalistas do periódico são mal-intencionados.

Reação semelhante ocorreu em 2009. Adriano Sarney foi acusado pela mídia nacional de intermediar empréstimos consignados entre seis instituições financeiras e os servidores do Senado Federal, justamente na época em que o avô presidia a casa. Na época, Adriano também não se deu ao trabalho de dar maiores esclarecimentos sobre o escândalo que quase custou o mandato do senador José Sarney.

Ano passado, o Jornal Folha de São Paulo denunciou que Adriano estava em situação irregular quando pretendia concorrer à prefeitura de Paço do Lumiar. Havia indícios de que o economista fraudara uma conta de luz da Cemar para comprovar que possuía domicílio na cidade.

Outra vez, sem maiores explicações, Adriano retirou a candidatura e sumiu na nuvem de poeira do esquecimento.
Após quase 60 anos da primeira eleição disputada por José Sarney no Maranhão, é natural e justo que Adriano queira ser herdeiro político do grupo. Com a segunda geração da família envelhecida e desgastada, ele tem todo o direito de pleitear cargos públicos para tentar manter o poderio do grupo familiar ao qual pertence.

Todo o problema de Adriano Sarney reside no fato de que o neto do Senador Sarney quer construir a imagem da renovação na política, vendendo a ideia do jovem empreendedor de ideias inovadoras, formação intelectual e reputação ilibada.
Não dá.

Com o histórico recheado de denúncias envolvendo lobby, propina e fraude, a única herança que Adriano Sarney receberá será a continuidade histórica de escândalos intermináveis que envolvem a mais longeva oligarquia do Brasil contemporâneo.

 Lígia Teixeira Historiadora escreve para o Jornal Pequeno às sextas-feiras.

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