Publicado
em 09/ago/2013 NO SITE DO SINPROESEMMA
Por Flávio Dino
Realizei mais um diálogo pela internet
com centenas de pessoas, contando com a especial participação de blogueiros do
nosso estado. Foi uma experiência muito enriquecedora, em que pudemos conversar
por horas a respeito da atual situação do Maranhão. É sempre bom escutar e
trocar ideias com a população, e para mim é uma grande oportunidade de
aprendizado. Um dos principais temas debatidos foi o IDH, Índice de
Desenvolvimento Humano, divulgado na última segunda-feira pelo IPEA, órgão do
governo federal, por intermédio do excelente Atlas do Desenvolvimento Humano.
Dói na alma ver mais uma vez que o
Maranhão, tão belo e rico, não consegue garantir condições dignas de vida para
povo que nele vive, por conta de um modelo que se apropria e desvia os recursos
públicos para o proveito de uma minoria de privilegiados e protegidos.
O Índice de Desenvolvimento Humano do
Maranhão segue em penúltimo lugar no Brasil, com 0,639, praticamente empatado
com Alagoas (0,631), e atrás de todos os nossos vizinhos. Para se ter uma ideia,
o primeiro lugar é o Distrito Federal com 0,824. Em renda, o Maranhão fica em
último lugar, com índice de 0,612. A mortalidade infantil no Brasil é de 16 por
mil, enquanto no Maranhão é de 28 por mil. Das 100 cidades com pior IDH do
Brasil, 20 são do Maranhão. Das 100 cidades com melhor IDH, nenhuma é
maranhense. Aqui poderia preencher todo o espaço reservado a este artigo com
uma sequência interminável, indecente e inaceitável de números que traduzem a
situação de pobreza do Maranhão, se comparado ao restante do país.
Após uma década de Bolsa Família, a
extrema pobreza caiu no país e, hoje, atinge 6% dos brasileiros. No Maranhão,
apesar de todos os recursos para combate à pobreza, das políticas de
transferência de renda e do aumento do salário mínimo – todas políticas
federais –, 22% da população vive em extrema pobreza! Ou seja, um em cada cinco
maranhenses sobrevive com menos de R$ 70 por mês! É inacreditável que os poucos
que se beneficiam da situação não cheguem a se incomodar ao saber que o sistema
que mantêm provoca tanta miséria.
E o que fazer? A resposta está no
terreno da política. Vejamos o exemplo de nosso vizinho Ceará, que nas últimas
três décadas já trocou de comando político por várias vezes. Pois vejamos os
resultados.
Durante toda a ditadura militar até o fim dos anos 80, o Ceará foi
governado por uma oligarquia dos “coronéis”. Em 1991, ocupava o 4º lugar do IDH
do Nordeste. Agora, depois de vivenciar a salutar alternância no poder, o
Ceará ocupa o 2º melhor posto do Nordeste.
Enquanto isso, e o Maranhão? Pois nós
continuamos ocupando, de 1991 até hoje, a penúltima posição. Não do Nordeste,
mas do Brasil! O que acontece de tão diferente 250 quilômetros a leste de nosso
estado? O solo cearense é mais fértil? Os empresários são mais competentes? As
pessoas trabalham mais? As paisagens são mais inspiradoras? Não!
O que aconteceu com o Ceará é que as
mudanças políticas no estado mexeram com a qualidade do governo. Naturalmente,
um grupo político quer fazer melhor do que o outro, gerando mais resultados
concretos para a população. No Maranhão, desde o começo da ditadura militar, o
mesmo grupo permanece no poder. O resultado do imobilismo na política é
traduzido matematicamente por nossa estagnação nas últimas posições do IDH
nacional.
Por tudo isso, defendo a mudança e a
renovação política no Maranhão. Não tenho nenhum ódio pessoal ou rancor em
relação ao passado, apenas acredito que precisamos virar essa página. O convite
que faço é para que olhemos para o futuro, com confiança e esperança. Dias
melhores virão.
Flávio Dino, 45 anos, é presidente do
Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal
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