31 de janeiro de 2016

50 anos de Sarney na política: motivos para comemorar?

Sob seu domínio e de aliados, o Maranhão sempre ostentou os piores indicadores sociais do país. A mídia nacional sempre destacava o Maranhão como um Estado pobre e arrasado pela miséria.
O secretário de Estado de Direitos Humanos, Francisco Gonçalves, comenta a publicação do caderno especial do EMA sobre os 50 anos de trajetória política de Sarney

O Jornal O Estado do Maranhão deste domingo (31) traz um caderno especial destacando os 50 anos de trajetória política do ex-presidente e ex-senador José Sarney. Como era de se esperar, Sarney é colocado como a maior liderança política maranhense nas últimas cinco décadas e responsável pelo desenvolvimento do Estado.

No entanto, é bom observarmos que Sarney não tem tantos motivos para comemorar esses 50 anos de trajetória política. Depois de todo esse tempo de domínio político, não foi capaz de construir uma liderança forte que o substituísse ao fim da trajetória, nem tampouco de combater a pobreza e a miséria que assola grande parte dos municípios. Sob seu domínio e de aliados, o Maranhão sempre ostentou os piores indicadores sociais do país. 

A mídia nacional sempre destacava o Maranhão como um Estado pobre e arrasado pela miséria. Para completar a tragédia, o seu protótipo de liderança, a filha Roseana, foi um desastre nas quatro vezes em que esteve no comando do Estado.

Sarney chega ao fim de linha da trajetória política depois de mais uma derrota para as forças de oposição no Estado. A primeira foi com Jackson Lago, em 2006, mas que sofreu perseguição desde o primeiro dia de governo e foi apeado do poder por um golpe da oligarquia - que ainda tinha força nos tribunais –  dois anos depois. A segunda grande derrota foi para Flávio Dino, em 2014. Um duro golpe do poder oligárquico. Perdeu o domínio político no Estado e foi enfraquecido no plano nacional por ficar sem mandado e , ainda, por ter seus principais expoentes - Roseana e Lobão - citados na 'Operação Lava Jato'.

Ao tomar conhecimento da publicação do caderno especial dos 50 anos do oligarca na política, o professor e Secretário de Estado de Direitos Humanos, Francisco Gonçalves, em sua página no facebook, contesta esse ‘endeuzamento’, afirmando que o tal desenvolvimento do Maranhão foi predatório e marcado pela concentração de renda, com um legado que representa a perversidade das elites.

“Ao final do quarto mandato de Roseana Sarney, o Maranhão reunia os piores indicadores de desenvolvimento humano do país”, disse o secretário.

Confira o que escreveu Francisco Gonçalves sobre os 50 anos de Sarney na política.

50 anos depois, apenas duas lideranças políticas parabenizaram Sarney no caderno especial publicado pelo jornal O Estado Maranhão, neste domingo: o filho e o neto.

Depois de quase 50 anos no controle do governo estadual, a família Sarney deixou um legado representativo da perversidade das elites: desenvolvimento predatório e concentração de renda. Ao final do quarto mandato de Roseana Sarney, o Maranhão reunia os piores indicadores de desenvolvimento humano do país.

Contrariado pelas críticas, Sarney chegou a contestar o indicador de renda familiar e a defender o PIB como único critério válido de aferição de desenvolvimento, sem levar em conta a distribuição de renda e a qualidade de vida das pessoas.


Ao longo das últimas cinco décadas, o Maranhão viveu o ciclo de concentração de renda e poder, o que levou a maioria dos maranhenses, em 2014, a mandar um recado: era hora de acabar governo de pai para filha, de filho para neto


Do Gilberto Lima

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