IG - com edição
Discretamente o PT prepara o terreno para pôr fim à incômoda aliança com
a família Sarney no Maranhão. Nas últimas semanas, integrantes da direção
nacional mandaram recados ao vice-governador Washington Luiz (PT) para que ele
aceite a proposta da governadora Roseana Sarney (PMDB) de se afastar do cargo e
aceitar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Com isso, o partido espera quitar as dívidas políticas com os Sarney e
ter liberdade para apoiar a candidatura de Flavio Dino (PC do B) ao governo do
Maranhão. Pesa na tática petista o delicado estado de saúde do senador José
Sarney (PMDB-AP) e falta de um sucessor à altura dele no clã.
O
afastamento de Washington abriria caminho para uma manobra delicada que,
segundo petistas e aliados de Roseana, está nos planos da governadora como
forma de preparar o terreno para que seu secretário da Casa Civil, Luís
Fernando Silva, candidato oficial do Palácio dos Leões, assuma o governo em
pleno ano eleitoral.
A manobra seria a seguinte: antes, ela convenceria o vice a assumir uma
vaga no TCE. Dessa forma, com a vacância no cargo de vice, ela teria condições
para deixar antecipadamente o governo e convocar eleições indiretas para o
cargo.
A Constituição do Maranhão prevê, em seu artigo 60, que em caso de
vacância no cargo de governador ou vice serão seus substitutos o presidente da
Assembleia Legislativa ou do Tribunal de Justiça do Estado. Eles, em caso de
vacância do cargo de governador nos dois últimos anos de mandato, são obrigados
a convocar eleições indiretas para o governo, conforme determina o inciso I, do
artigo 61 da Constituição do Estado.
Essa ideia, entretanto, é vista com uma certa ressalva inclusive pelos
aliados de Roseana. Isso porque não há garantias de que a Assembleia
Legislativa do Maranhão vá confirmar o nome de Luís Fernando Silva no governo
do Estado. Em 2003, em manobra semelhante, a família Sarney perdeu o controle
da Assembleia Legislativa na gestão de José Reinaldo Tavares (PSB),
ex-integrante do grupo que se rebelou contra os Sarney e abriu caminho para a
eleição de Jackson Lago em 2006.
A cúpula petista dá total apoio à manobra e tenta convencer Washington a
aceitar a vaga no TCE. O vice tem recusado a proposta e continua irredutível na
intenção de assumir o governo mesmo que seja apenas por alguns meses. A direção
petista avalia que, se conseguir eliminar o entrave para o plano de Roseana,
estará quite com a família Sarney e ficará livre para apoiar Dino.
O principal objetivo da manobra de Roseana seria cacifar seu candidato à
própria sucessão. Há aproximadamente três meses, Silva vem inaugurando obras e
participando de ações do governo do Estado visando ser mais conhecido no
interior, onde ele ainda é tido como um desconhecido. Fontes ligadas à Roseana
afirmam que esse tipo de iniciativa vem dando um grande capital político a
Silva.
O segundo objetivo diz respeito à disputa pelo Senado. Apesar de não
admitir isso publicamente, começa a crescer dentro do eixo sarneísta a
possibilidade de a governadora do Maranhão lançar-se novamente ao Senado. Em
tese, o homem apontado pelo Palácio dos Leões para a disputa da vaga é o atual
ministro do Turismo, Gastão Vieira. Mas Vieira afirmou a interlocutores na
festa de casamento de uma das netas do presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), em julho, que não tem mais “idade” para uma disputa ao Senado. Ele
prefere tentar mais um mandato como deputado federal.
Sem opções de nome do grupo ao Senado, Roseana deve se lançar candidata
na vaga que será deixada no Estado por Epitácio Cafeteira (PTB-MA) no ano que
vem.
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