Por Manuel Alfredo Medeiros*
Cajapió - Prosseguem os trabalhos de coleta
de um grande dinossauro herbívoro na praia de Itapeua, Cajapió. A escavação,
liderada pela UFMA, tem também as participações destacadas do Centro de
Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão, da UEMA e da UFRJ, como
convidadas. O grupo Hispedabiotec, de Cajapió, e autoridades locais também
estão empenhados no trabalho. As atividades são supervisionadas pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão federal fiscalizador do
patrimônio fossilífero no Brasil.
O maior conjunto de fósseis que surgiram em consequência da erosão
marinha de rochas antigas é de um animal de grande porte, aparentemente um
herbívoro do grupo dos diplodocóides, que eram comuns em toda a América do Sul
em meados do Período Cretáceo (entre 99 e 95 milhões de anos atrás). Juntamente
com estes ossos foi encontrado o dente de um grande predador, Carcharodontosaurus,
também já registrado nas regiões de Alcântara, Itapecuru Mirim e Coroatá. O
espécime fossilizado representa um achado muito raro e ajudará os pesquisadores
a refinar melhor as informações sobre a fauna de grandes animais que dominaram
o cenário biológico no nordeste brasileiro na Era Mesozoica, quando o mundo foi
dominado por grandes répteis.
A ocorrência de dinossauros no Maranhão não é novidade, e vem motivando
a publicação de artigos científicos veiculados em periódicos científicos
nacionais e internacionais, destacando as ocorrências da Ilha do Cajual,
Itapecuru-Mirim e Coroatá. A nova descoberta coloca a região de Cajapió dentro
do privilegiado circuito dos grandes achados paleontológicos.
Como a fauna maranhense tem nítidas afinidades com a fauna africana da
mesma época, isso dá às ocorrências do estado uma importância reconhecida no
cenário global, porque confirma a teoria da separação dos continentes.
A equipe de paleontólogos envolvida na coleta do fóssil de Cajapió se
reveza em grupos para manter a atividade contínua até a conclusão dos
trabalhos. Os doutores, mestres e alunos de graduação empregam técnicas de escavação,
estabilização, retirada e embalagem dos ossos (figuras 2, 3, 4 e 5), para
garantir que os mesmos sejam adequadamente removidos da rocha onde estiveram
confinados nos últimos quase cem milhões de anos. Depois de estudado, o
material deverá revelar novos segredos fascinantes do nosso mundo fantástico há
muito esquecido.
*Manuel
Alfredo Medeiros é professor doutor da UFMA e paleontólogo
BNC
Ciência
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