G1
Criminosos de comunidades do Rio
não se escondem nas redes sociais. Muitos fazem questão de mostrar o rosto,
enaltecer facções criminosas e ainda posam com diversos tipos de armas, como
granada e armamentos de grosso calibre, que eles chamam de brinquedinhos. O
crime organizado chega a desafiar a polícia e a planejar ações contra grupos
rivais na internet, como mostrou o RJTV.
Alguns criminosos até se
apresentam no perfil da rede social como traficante de drogas, gerente na
empresa boca de fumo e armeiro do tráfico. Garotas e crianças também pousam
para fotos. Numa delas um menino de cerca de 11 anos recebe elogios: "é
isso aí meu menino, bala neles".
A tecnologia virou uma nova arma para
traficantes no Rio de Janeiro. Suspeitos do Conjunto de Favelas da Penha,
pacificado em 2010, fazem ameaças aos policiais da Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP) pela rede.
Num outro perfil, o jovem
identificado como Fabricio Tranzante postou varias fotos em que ele aparece
armado. E de outros suspeitos posando com armas, além de imagens de boca de
fumo, criminosos em festas, em plena fuga dentro da favela e no meio da cidade.
Uma foto recebeu vários comentários, entre eles o da mãe que chama a cena de
ridícula, e de uma amiga que diz que para amar uma facção não é preciso se
expor. Ela ainda afirma: isso dá cadeia.
Para o professor do Departamento
de Segurança Pública da UFF, Roberto Kant, a exposição na rede é uma forma de
transgressão.
"Vontade de expor sua
atividade que implica em risco e pode fornecer pistas para a polícia ou pode
ser uma forma de comunicação que se acha privada e na verdade não é",
disse o professor.
As redes sociais também viraram
instrumento para fazer ameaças e coagir moradores. Num perfil, há fotos de
jacarés que teriam sido usados contra inimigos.
"Essa nova ferramenta
potencializa esse poder dos traficantes sobre a comunidade, sobre esses grupos
que vão assistir. É como se a internet fosse o território da impunidade",
diisse o professor.
Na rede, os criminosos parecem
agir sem medo e com a certeza de que não vão ser localizados. Mas na Delegacia
de Repressão aos Crimes de Informática as redes sociais são monitoradas
constantemente. Segundo os investigadores, em muitos casos, é possível chegar
ao criminoso.
Como as redes não sociais não
fornecem informações sobre a autenticidade do perfil, a maior dificuldade da
polícia é identificar os perfis falsos.
"A maioria desses perfis já
são analisados por nossas bases. Mas por se tratar muitas vezes de perfil
falso, isso dificulta a filtragem das informações. Muitas das vezes são pessoas
que não têm nenhum envolvimento com o tráfico. Apenas querem enaltecer aquela
conduta, acham interessante, acha que aquilo vai trazer uma certa popularidade
na rede social, vai trazer mais amigos", disse Rodrigo Valle, chefe do
Grupo de Operações dos Portais.
A polícia já determinou que esses
dados sejam armazenados e os perfis excluídos da rede. Os responsáveis pelos
perfis podem responder por apologia ao crime, associação ao tráfico ou porte de
arma.
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